A mulher deixou de ter papel secundário, sem direitos reconhecidos, à margem da sociedade, e se tornou uma voz ativa
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Ana Bernal
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Embora a mulher ainda sofra com as heranças históricas de um sistema patriarcal e ranço machista, ela exerce cada vez mais um papel protagonista, graças ás lutas promovidas por diversas mulheres, iniciadas na Europa e Estados Unidos, em fevereiro de 1909, quando 15 mil mulheres protestaram por melhora nas condições de trabalho, até então extremamente precárias.
De lá em diante, a mulher vem conseguindo aumentar seu espaço tanto na sociedade, quanto no mercado de trabalho e na política, já que nessa época a mulher não tinha direito a eleger, nem ser eleita.
Entretanto, apesar de mais mulheres estarem no mercado de trabalho, a desigualdade de gênero, ainda está presente na vida da maioria das mulheres, a qual acumula funções trabalhistas, domésticas, maternais, quase sempre de forma isolada, sem a participação de seu cônjuge, ou companheiro, ficando sobrecarregada.
Ressaltando-se, que apesar de as mulheres constituírem a maioria no cenário brasileiro, o salário ainda é proporcionalmente menor em relação aos homens com a mesma função.
Sobreleva pontuar, que nos cargos políticos, o voto feminino foi confirmado apenas em 1932, quando o Código Eleitoral, autorizou as mulheres brasileiras a exercer os direitos políticos, de lá em diante, ações buscam garantir maior participação feminina no poder, e em 2021, foi sancionada a Lei 14.192, a qual estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política da mulher.
E é por essa desigualdade ainda tão latente, fruto de um passado, onde a mulher era vista apenas como reprodutora e complemento do homem, que surge a necessidade de lutar, e falar sobre os direitos femininos, pois embora alguns avanços sejam inegáveis, ainda existe um profundo abismo entre a lei (que ampara direitos iguais entre homens e mulheres), e a vida, separando homens e mulheres.
Isso é facilmente descortinado, quando ao nos vermos em pleno século XXI, ainda vermos em todo o mundo, nomeadamente aqui no Brasil, pessoas acreditarem que a mulher é inferior ao homem, e algumas mulheres assim se consideram em relação ao sexo masculino.
A mulher deixou de ter esse papel de figura secundária, sem seus direitos reconhecidos, e à margem da sociedade, e se tornou uma voz ativa e muitas lideram e promovem ações para um mundo mais igualitário, justo e solidário para todas e todos.
Aumentar a diversidade no mundo corporativo, por exemplo, contribui para um resultado mais inclusivo, mas também, mais inovador e potencialmente mais rentável, o que foi comprovado pela McKinsey & Company, em um estudo de 2014 sobre diversidade, onde foi verificado que as empresas com maior diversidade de gênero em suas equipes executivas eram 15% mais propensas a ter lucratividade acima da média, existindo uma forte correlação entre diversidade de gênero, lucratividade, e criação de valor. Isto é, não se trata de favor, administrar e dar liderança e gestão a mais mulheres, mas é uma questão de administrar a empresa de forma inteligente.
E na política, segundo um estudo da UN Women (braço da Organização das Nações Unidas), até o meio do ano de 2016, tão somente 22,8% dos cargos de parlamentares no mundo todo eram mulheres, o que acarreta em políticas públicas feitas para homens, as quais privilegiam os homens, perpetuando-se a desigualdade de gênero.
Aqui no Brasil em 2023, apenas 18% das cadeiras na Câmara dos Deputados foram ocupadas por mulheres, e, no Senado, o número é ainda menor, onde apenas 10 cadeiras são ocupadas por mulheres, 12,3% do total, abaixo da média global que está distante da equidade, 26,4%.
A despeito de estudos desenvolvidos apontam que quando mulheres possuem maior representatividade política, mais recursos são investidos na saúde e educação, pilares centrais de uma nação preocupada com seu povo, e, as chances de corrupção no governo são bem menores, quando uma mulher é eleita.
Segundo a Harvard Kennedy School, a liderança feminina na política, traz mais engajamento na discussão cívica, importante para estimular e promover uma conscientização mínima do indivíduo, para que lute por um lugar melhor para todas e todos viverem na sua terra natal.
Concluímos, portanto, que embora a mulher tenha uma extrema importância na sociedade, como um todo, ela ainda sofre muito preconceito, o que é um sinal de limitação intelectual, pois não existem dados que possam fundamentar essas diferenças da tal suposta ideia de superioridade masculina, ao inverso, como supra apontamos, a diversidade de gêneros, faz com que a sociedade se torne mais igualitária, justa, coesa e melhor para todas e todos.