Conferência Mercado Jurídico, evento promovido pela Fundação Estudar, traz as perspectivas para o futuro da área
Segundo o Censo Jurídico 2023, em pesquisa realizada com 1.000 advogados, nos últimos dois anos, houve um aumento notável no uso de softwares jurídicos pelos escritórios de advocacia, saltando de 46% em 2021 para 58% em 2023. Ainda, de acordo com o estudo, 85% dos entrevistados acreditam que seu escritório poderia investir mais em tecnologia para diminuir o esforço e aumentar a rentabilidade. Nessa perspectiva, são discutidas as tendências para o futuro da profissão e quais as habilidades necessárias para destacar-se em um cenário de processos cada vez mais automatizados; esta foi uma das principais reflexões trazidas na Conferência Mercado Jurídico, evento promovido pela Fundação Estudar, voltado a estudantes e jovens em início de carreira.
O cenário evidencia como a incorporação de processos automatizados permitiram agilizar as rotinas na advocacia, reduzindo horas de trabalho em análise e classificação de documentos, auditoria de contratos e muitos outros. Aliado a este entendimento, os especialistas compartilham da opinião que as ferramentas vieram para substituir os trabalhos repetitivos e não os advogados: “Daí vem a nossa habilidade de entender como a gente absorve essa tecnologia e aplica a advocacia da melhor maneira possível”, complementa Fernanda Amorim, Gestora de Comunidades e Produtos na Fundação Estudar.
Nesse contexto da crescente automação no mercado jurídico, o pensamento crítico, a criatividade, liderança e a gestão de projetos são destacadas como habilidades importantes no futuro da profissão. Além disso, há uma crescente demanda por profissionais que tenham uma visão holística, segundo os painelistas, que vai além da formação de advogado, tornando-se necessário adotar uma abordagem multidisciplinar.
Em um mundo em que não é mais possível dissociar o digital de qualquer prática, o letramento digital também será imprescindível para aqueles que desejam se manter no mercado. Fernanda relembra um relatório do Fórum Mundial Econômico, em que o letramento digital foi colocado como umas das 10 principais habilidades exigidas nas organizações: “Nos próximos cinco anos, essa habilidade estará entre as 3 mais importantes. Se agora isso é um diferencial, logo será pré-requisito. A gente não pode deixar que o medo de perder o emprego ou que o negacionismo paralise nosso desenvolvimento”, conclui a gestora.
Diante dessa realidade, a tecnologia deve vir para agregar e tornar os profissionais mais eficientes, à medida em que oferece mais tempo para que se dediquem ao aprimoramento do conhecimento e à qualidade das relações. A perspectiva é que o aspecto humano da profissão seja fortalecido, tornando o futuro focado nas pessoas e no entendimento do cliente.
A discussão sobre o tema foi mediada por Fernanda Amorim, Gestora de Comunidades e Produtos na Fundação Estudar, e contou com a participação de Paulo Silvestre, Consultor de inovação e desenvolvimento na Machado Meyer Advogados; Guilherme Tranquillini, Sócio na Tauil & Chequer Advogados Associado a Mayer Brown; e Pedro Teixeira de Siqueira, Sócio na Bichara Advogados.