Lino Tavares
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Nobres Comandantes Militares !
Eu vesti a farda que hoje os senhores vestem por quase três décadas. Confesso que nunca vi no cotidiano da caserna algum militar, ainda que soldadinho recruta, omitir-se do cumprimento da missão solenemente prometido no Juramento à Bandeira. Mas agora na Reserva, exercendo minha outra vocação, o Jornalismo, vejo-me obrigado a tornar público, por dever de ofício, que sinto grassar nos altos escalões das Forças Armadas um clima patético de omissão, que consiste em permanecer de braços cruzados diante das mazelas do poder falido que corrói a dignidade institucional da nação dia após dia, como se a missão constitucional do Exército, Marinha e Aeronáutica fosse apenas a de entrar em ação em situação de guerra contra o inimigo externo.
Não, senhores oficiais-generais dos altos Comandos Militares brasileiros. Todos nós militares, da Ativa e da Reserva, sabemos que a missão da Instituição Militar não se limita a isso. Temos consciência, como milhões de outros brasileiros têm, de que o dever constitucional das Forças Armadas vai bem além da ação meramente beligerante, pois compete-lhe também garantir a Lei e a Ordem dentro de nossas fronteiras. Se é assim – e temos certeza de que assim o é – apelo a vossas consciências, ciente de que expresso a vontade da esmagadora maioria de nossa população, no sentido de que façam algo para estancar a sangria da corrupção e toda sorte de crimes de lesa-pária que imperam no Brasil de hoje sob o beneplácito da impunidade reinante nos Três Poderes da República, como se viu recentemente com a soltura do antigo guerrilheiro comuno-terrorista, José Dirceu, hoje condenado de forma reincidente a 30 anos de prisão, por participação ativa nos escândalos conhecidos como “Mensalão” e Petroleão”, beneficiado que fora por antigos laços de relacionamento com ministros do STF politicamente engajados ao Partido de que é histórico militante ativista.
Se o fato de José Dirceu ter sido posto em liberdade e desobrigado a usar tornozeleira eletrônica, conforme fora determinado pelo juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, não é considerado pelos senhores comandantes como uma afronta à lei e à ordem e uma bofetada na sociedade brasileira, desculpem minha franqueza, mas preciso dizer que é chegada a hora de vossas excelências trocarem a farda pelo pijama, abrindo espaço em seus postos de comando para militares dotados de espírito patriótico, que se permitam cumprir com o dever de defender a honra e a dignidade da Pátria , nesta hora em que está à deriva, sendo afundada pelas mãos criminosas dos bandidos que ocupam os tronos do poder no Executivo, no Legislativo e na Suprema Corte do Judiciário.