Não é aceitável que um presidente se comporte dessa forma com a Polícia Federal
Entidades de classe que representam os delegados de Polícia Federal veem com preocupação as recentes declarações do presidente da República, de que quem determina as nomeações na instituição é ele, e temem que interferências políticas atrapalhem o trabalho policial de excelência que vem sendo desenvolvido na instituição durante décadas. “A Polícia Federal não é um órgão que fica à disposição da agenda de interesses do governante do momento”, define a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo (SINDPF-SP), Tania Prado.
Na avaliação dos profissionais, as falas do presidente indicam uma forte ingerência na instituição e reforçam a necessidade urgente de dar autonomia constitucional para que a Polícia Federal fique livre de ingerências políticas. “É preciso garantir na Constituição a autonomia da PF. Uma proposta de emenda tramita há 10 anos e ainda não avançou. É uma questão urgente, pois está evidente que a cada governo que passa, os políticos irão buscar formas de tomar a instituição, aparelhando-a, conforme seus interesses, o que é o mesmo que implodir o órgão”, afirma Tania.
A preocupação dos delegados é que os recentes atos do presidente, como o contingenciamento de verbas que suspendeu treinamento continuado dos policiais e está afetando as operações com as restrições de viagem em alguns estados, inviabilizem investigações importantes. “Não é aceitável que um presidente se comporte dessa forma com a Polícia Federal, atropelando decisões que cabem ao diretor-geral e passando por cima até mesmo do ministro Sergio Moro, conforme sua agenda de interesses”, afirma Tania.
Depois de anunciar nesta quinta-feira (15/08) que exoneraria o superintendente da PF no Rio de Janeiro, o presidente informou nesta sexta-feira (16/08) que escolheria o substituto para o cargo no Rio de Janeiro e que quem manda na instituição é ele.
TANIA PRADO
Tania Prado é Diretora regional da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) e presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo (SINDPF SP). Tania entrou na PF em 2003, em Foz do Iguaçu (PR). Trabalhou nas áreas de polícia fazendária, repressão ao tráfico de drogas, corregedoria e combate à pedopornografia. Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo. É Mestre em Segurança Pública na Universidade Jean Moulin, em Lyon, na França.
Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo
Fundado em 03 de fevereiro de 1993, o Sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Estado de São Paulo – SINDPF/SP é uma entidade sem fins lucrativos que atende aos Delegados de Polícia Federal ativos e aposentados.
Sua primeira diretoria que foi eleita no pleito do dia 26 de março de 1993, era composta pelo Presidente: Marcelo Z. Nogueira Itagiba; Vice-Presidente: Jairo Ruiz Garcia; Secretário-Geral: Mario Seiken Nakasa; Secretário de Finanças: Mariam Ibrahim; Secretário de Assuntos Jurídicos: Jaime Petra de Mello; Suplentes: Jose Orsomarzo Neto, Luiz Ernesto Young Rodrigues e Francisco Baltazar da Silva; Conselho Fiscal: Maria Ignez Bernardini, Reinaldo Sposito e João Carlos Sanches Abraços; Suplentes: Hildebrando Antonio de Souza e Jose Maria da Silva.
O Sindicato, graças ao apoio que recebe de sua categoria, tem sido o principal responsável pela ampliação sistemática dos direitos e garantias que cercam essa atividade profissional. A entidade conta hoje com 250 sindicalizados, segundo dados de 2007. A diretoria é eleita a cada dois anos e é constituída por Executiva e Conselho Fiscal, somando 15 Delegados.
Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo
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