Aumento de preços como do cimento e concreto deverá se refletir no próximo levantamento do indicador
Os aumentos de preços de alguns insumos da construção e as perspectivas para o setor que se abrem com o início do ciclo de redução da taxa básica de juros foram debatidos na Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, em 9 de agosto, coordenada por Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia da entidade, com a participação do presidente Yorki Estefan.
Em sua apresentação, Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), informou que, em relação aos custos da construção, o INCC-M mostrava variação de 3,15% no acumulado de 12 meses até meados de julho. Os preços dos materiais caíram em média, enquanto os da mão de obra e serviços aumentaram. Houve exceções, como os aumentos expressivos nos preços da areia e da brita. Segundo a economista, os novos aumentos de preços como os do cimento e concreto deverão se refletir no próximo levantamento do indicador.
Regional Campinas
O diretor da Regional Campinas, Marcio Benvenutti, afirmou que os empresários da construção estão menos pessimistas e com isso melhoram as expectativas em relação ao mercado, nos próximos meses. “A implementação de programas habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida, devem estimular um efeito positivo na cadeia do setor da construção civil. No entanto, a dificuldade de acesso a financiamento e falta de mão de obra qualificada continuam sendo as maiores dificuldades das empresas”, acrescentou.
Na região de Campinas, conforme avaliação do diretor regional, se verificou nas últimas semanas, um aumento de 9% (ao mês), no preço do concreto, que é um insumo muito importante para o setor. Benvenutti espera que essa tendência de alta se reverta nos próximos meses, com a melhora no ambiente de negócios.
Atividade do setor
De acordo com Ana Castelo, a projeção do Ibre/FGV é de crescimento de 1,3% do PIB da construção em 2023, com o segmento formal crescendo acima desse patamar, e o segmento informal caindo. Poderá haver uma revisão com a divulgação do resultado do PIB do primeiro semestre, que o IBGE deverá divulgar no final deste mês.
Ao fazer um balanço do primeiro semestre, Ana Castelo destacou o crescimento do emprego na construção, de 7,5% no país e de 8,3% em São Paulo, na comparação com o mesmo período do ano passado. A criação de emprego no setor representou 16,6% do volume total gerado no país. Entretanto, o saldo de junho foi 31% inferior ao do mesmo mês do ano passado. A desaceleração ocorre nos segmentos de edificações (-28%) e serviços (-20%), enquanto na infraestrutura está havendo aceleração (+61,3%).
No âmbito nacional, no primeiro trimestre, houve redução das vendas e lançamentos. Este cenário pode mudar em função do relançamento do programa Minha Casa, Minha Vida, comentou a economista. Os preços dos imóveis residenciais novos seguem com valorização real, embora em desaceleração.
Os volumes de crédito imobiliário e de unidades financiadas pelos recursos da caderneta de poupança caíram no primeiro semestre, queda esta mitigada pela elevação dos financiamentos do FGTS. Segundo Ana Castelo, a redução da Selic não deverá repercutir imediatamente no encarecimento dos financiamentos imobiliários.
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