Para pessoas que passam fome, que não possuem acesso a direitos básicos ou que não estão inseridas em um contexto de tecnologia eficaz e eficiente, a aceleração de inovação que a pandemia trouxe não faz sentido
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Clara Toledo Corrêa
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Ninguém aguenta mais a pandemia do Covid-19. Isso é fato. E que ela mudou a vida de todos, também. Entretanto, esse período que ainda estamos vivendo deve ser analisado com extremo cuidado para que inúmeros erros não sejam repetidos no futuro. Assim, precisamos encarar um pouco mais um assunto que não nos desce mais pela garganta e pesar todas as informações que são trazidas para nós como algo positivo (de crescimento do país) ou negativo.
Em pouco mais de um ano e quatro meses a Covid-19 mudou por completo a nossa realidade e acelerou inúmeros processos sociais, culturais e econômicos, entre outros, que já havíamos iniciado, principalmente quando se trata de inovação e tecnologia. Fatores que nem sempre contemplam todas as pessoas.
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Dessa forma, quem não se adaptou ao novo mercado foi engolido e quem investiu em tecnologia e inovação conseguiu se manter ou até aumentar os rendimentos. Portanto, para muitos ficou evidente: a ordem a partir de então seria inovar em alta velocidade e cada vez mais. Desse modo, soou que a tecnologia veio para ficar! Será?
Se analisarmos de forma imediata, talvez. Mas, se aprofundarmos em todo o cenário, percebemos que ainda falta muito. Ora, vejamos – somos um País que ainda demora até seis anos para receber e utilizar tecnologias, que já fazem parte do cotidiano de outros países. Assim, a invenção de um novo aplicativo, por exemplo, impactará de forma tímida a vida de todos os brasileiros. Aliás, em termos de tecnologia, percebemos que o Brasil andou muito pouco, havendo sim um crescimento na área de Tecnologia da Informação (TI), mas com debandadas significativas em outras tecnologias.
Ainda, há pouco mais de quatro anos temos experimentado o corte de verbas voltadas para pesquisas de forma crescente pelo governo, sendo a menor verba em décadas. Assim, não apenas deixamos de estimular o setor público, como o setor privado, em que uma mão-de-obra de altíssima qualidade, que demorou anos para ser formada no País, migrou para outros países.
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Além desse nicho de realidade extremamente privilegiada mais de 61 milhões de pessoas estão na faixa da pobreza ou da extrema pobreza – um número que aumentou consideravelmente nos últimos anos. Portanto, mesmo que o PIB tenha aumentado em grande parte graças ao agronegócio que opera em sistema de commodities, o PIB per capta degringola e apenas conseguiu pegar um fôlego enquanto o governo proporcionava auxílios devido à pandemia, que pasmem, como já mencionado, não acabou.
Para pessoas que passam fome, que não possuem acesso a direitos básicos ou que não estão inseridas em um contexto de tecnologia eficaz e eficiente, a aceleração de inovação que a pandemia trouxe não faz sentido, sendo pouco relevante se uma empresa, indústria ou startup conseguiu se superar nesse período. Por óbvio, o que queremos é que cada vez mais esses elementos/agentes e outros que compõem a sociedade se superem e que sobrevivam à pandemia e outras crises, utilizando as tecnologias e novas invenções.
Não obstante, seja por um fator histórico, seja pela falta do censo demográfico nesse ano, poucas soluções e planos que visam a melhoria da sociedade como um todo poderão ser tomadas. Muitas pautas que poderiam ser levantadas pelo Poder Público foram adiadas com a falta do censo e com isso se adia, também, a comida no prato de milhões de brasileiros e o crescimento ou retomada da economia. Uma dessas pautas poderia ser o fomento da propriedade industrial, que poucos sabem, não se trata apenas de um benefício aos particulares, mas sim, de uma estratégia importante e refinada para o crescimento e desenvolvimento de qualquer país, que assim beneficia toda a sua população.
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