No Brasil, além da língua, há 215 milhões de brasileiros que trazem muitos outros fatores que os agregam e configuram sua identidade como nação
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Rafael Cervone
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Mais do que nunca, no Brasil é importante celebrar o Dia Nacional da Língua Portuguesa, comemorado agora em novembro, em alusão ao nascimento, nessa data, em 1849, de Rui Barbosa, advogado, político, diplomata, escritor, jornalista e imortal da Academia Brasileira de Letras. A despeito de alguns regionalismos, que expressam nossa riquíssima cultura e o pluralismo de nossa sociedade, o idioma nos une. E contribuiu muito para consolidar a unicidade de nosso território de 8,51 milhões de quilômetros quadrados, em princípio delimitado pelo Tratado de Tordesilhas e, depois, expandido para a realidade atual.
Além da língua, os 215 milhões de brasileiros têm muitos outros fatores que os agregam e configuram sua identidade como nação: a diversidade étnica e religiosa, na qual sempre aprendemos a conviver com as diferenças e cultivar a tolerância. Sim, somos um país construído por distintos povos e emigrantes; a literatura, filha exuberante do idioma, uma das mais belas do planeta; a música, que fundiu ritmos europeus e africanos nas marchas de carnaval, no frevo e no axé, transformou sagrados ritos em samba e mesclou o som dos povos originários em cantos de Norte a Sul, de Leste a Oeste; o futebol, no qual torceremos juntos pelo heptacampeonato nos gramados do Catar; e a religiosidade de muitos credos.
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Não podemos permitir que a política, essência da democracia e do exercício da cidadania, nos desuna e seja objeto de truculência de quaisquer espécies. A divergência ideológica e partidária é saudável e se constitui numa das bases do Estado de Direito. Porém, jamais pode ser causa de ódio e separação das pessoas.
É surpreendente que um povo com tantos valores em comum e tão acostumado a conviver com as diferenças não consiga fazer do debate político um fator a mais para a busca de soluções, transformando-o num anacrônico “Muro de Berlim”. Aliás, o mundo comemorou em 9 de novembro os 33 anos de sua queda, que simbolizou o fim da Guerra Fria entre o Ocidente e o Leste da Europa.
Concluídas as eleições de 2022, nas quais foi eleito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como governadores e parlamentares de distintos partidos e matizes ideológicos, é preciso derrubar as barreiras que têm separado nosso povo, como fizeram os alemães com o muro que os dividiu. Divergir, sempre, mas com caráter republicano, sem olhar quem pensa diferente como inimigo, mas sim como um parente, amigo ou colega de trabalho com visões diversas. Temos muito mais pontos em comum do que divergências e é na tolerância e respeito entre todos e na soma de suas ideias que haveremos de construir um grande e próspero Brasil.
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