A ABRAPCH defendeu um incremento de 100%, até 2031, na produção de energia proveniente de pequenas usinas
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Os atributos das fontes de energia hidráulica para o equilíbrio e a segurança da matriz elétrica em tempos de mudanças climáticas foi um dos temas discutidos, nesta quarta-feira (08), no Rio de Janeiro. Representantes do setor elétrico – reunidos no Enase 2022 – apresentaram dados sobre a descarbonização e sobre o espaço que cada uma das matrizes energéticas vem ocupando nos últimos anos.
“A confiabilidade tem um peso muito importante na expansão da matriz no futuro e os planejadores estão avaliando as fontes necessárias para garantir a segurança energética com eficiência e transmissibilidade”, mencionou Luiz Augusto Barroso, presidente da PSR.
No que se refere a energia gerada por fonte hídrica, a presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), Alessandra Torres, destacou que os Planos Decenais de Energia preveem, além da necessidade de diversificação da matriz energética, o incentivo às diversas fontes energéticas e a segurança e confiabilidade do suprimento de energia elétrica.
“A aquisição de 107 megawatts-médio (MW) de energia gerada por 14 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e 4 Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), no leilão A-4 e que representou 42,6% do total de 251 MW-médio de energia adquirida entre todas as fontes – comprova a necessidade de diversificação da matriz elétrica, bem como de complementaridade entre as diversas fontes de geração””, destacou Alessandra.
O certame – realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CEE) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para atendimento das distribuidoras no mercado regulado – resultou na negociação de 29 projetos que levaram contrato, sendo 18 PCHs e CGHs, quatro usinas eólicas, cinco usinas solares e duas termelétricas a biomassa – somando investimentos da ordem de R$7 bilhões.
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Crise hídrica
A necessidade da contratação de novas fontes – menos intermitentes – assim como as lições da escassez hídricas, ocasionada pelo desabastecimento de água em 2021 também foram abordados.
O presidente da PSR, Luiz Augusto Barroso, disse em sua apresentação que a crise serviu como uma “ponte” para o futuro. Ele acredita que deve haver a mensuração da governança sobre o uso múltiplo da água e do seu valor econômico.
Já Alessandra Torres, disse que crise hídrica deixou clara a necessidade de novas hidrelétricas e, principalmente, novos reservatórios para o abastecimento da população e a geração de energia limpa. “A crise hídrica gerou reflexões sobre todos os processos do setor, desde a operação de curto prazo até o planejamento da expansão de médio e longo prazo. Os investimentos em pequenas hidrelétricas são fundamentais para a redução das tarifas e eliminação de futuras bandeiras tarifárias, em períodos de seca como a que vivemos nos últimos dois anos”, enfatizou Alessandra.
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Cenário Nacional
A Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (ABRAPCH) defende um incremento de 100%, até 2031, na produção de energia proveniente de pequenas usinas. São 3.700 megawatts (MW) a mais do que o que está sendo proposto no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE – 2031) – estudo divulgado recentemente e que é elaborado anualmente pela EPE, com o apoio das equipes do Ministério de Minas e Energia.
O documento propõe um acréscimo de 3.300 megawatts de PCHs – sendo 500 megawatts em construção e o acréscimo de novos 800 megawatts até 2026, além de 400 megawatts anuais a partir de 2027. Nestes quantitativos estão incluídos os 2.000 megawatts previstos na Lei 14.182 de capitalização da Eletrobrás, a serem contratados em futuros leilões A-5 e A-6.
Já a ABRAPCH sugere a implantação de 7.000 novos megawatts de energia proveniente de PCHs, que estariam sendo gerados até 2031, obedecendo um cronograma compatível com os empreendimentos já em construção e os prazos para desenvolvimento dos novos projetos.
Ao todo, seriam 300 megawatts em 2023, outros 400 megawatts em 2024, 500 megawatts em 2025, para 2026 mais 800 megawatts e 1.000 megawatts anuais a partir de 2027. A Associação também defende que se viabilize como prioridade, no menor espaço de tempo possível, os 2.000 megawatts da Lei 14.182, incluídos neste total.
Este acréscimo proposto viria de empreendimentos já outorgados, que aguardam licenciamento ambiental para início da obra, e de projetos registrados e aceitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
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Atributos
Entre as vantagens das PCHs e CGhs estão sustentabilidade, segurança, geração próxima à carga, redução de perdas, menores investimentos em transmissão, tecnologia 100% nacional, desenvolvimento científico/tecnológico, menores prazos de implantação, geração de empregos e capacidade de regularização das vazões dos rios, irrigação e abastecimento humano nos setores agropecuário e de saneamento básico. “As PCHs retiram ainda mensalmente toneladas de lixo dos rios que ficam retidas em suas grades. Todos os resíduos têm a destinação correta, auxiliando na manutenção da qualidade dos recursos hídricos, um grande benefício que a sociedade desconhece”, finalizou Alessandra.
Também participaram das discussões Felipe Lamm, consultor da Abraget; Fernando Luiz Zancan, presidente da ABCM; Tarcizio Celso de Castro, diretor executivo da ABRAGE ; Mario Miranda, presidente da Abrate e Celso Cunha, presidente da ABDAN.
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